segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A Reecarnação


A encarnação é o processo pelo qual os espíritos se ligam a corpos materiais, densos, para terem contato com a vida física e orgânica com o objetivo de evolução moral.
Deus impõe aos espíritos a encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição, passando por todas as vicissitudes da existência corporal. Visa ainda outro fim a encarnação: O de colocar o espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o espírito um instrumento, em harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, correndo para a obra geral, ele próprio se adianta.
Todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem fadigas e trabalhos, conseguintemente sem mérito.
Daí conclui-se que, os seres considerados eleitos, anjos, arcanjos, querubins e serafins são a representação das almas que já atingiram, pelo seu esforço, graus de elevação espiritual, passando, como não poderia deixar de ser, pelos mesmos estágios inferiores da escala evolutiva.
O atrasado possui inclinação para o mal, inteligência limitada; regozija-se com violência, compraz-se na vida viciosa. Quando deixa o corpo, os sentimentos os acompanham. Com a evolução, eles vai se modificando. As lutas do mundo, os sofrimentos através das vidas, é que lhe vão aprimorando a alma.
A terra é como escola e hospital. Vê-se o aluno ir progredindo à proporção que muda de classe; a sua cultura é em função do tempo e do estudo; quando o corpo se enfraquece o doente vai a um hospital, onde o médico lhe medica e restitui as forças.
Assim é a terra para o homem. Aqui ele chega como selvagem ou bárbaro e continua a sua peregrinação, curando-se no hospital planetário com a terapêutica do sofrimento, iluminando-se com as lições que recebe de vida em vida, até que, inteiramente puro, fica livre das vidas materiais e entra para as regiões de paz; a felicidade consiste nessa tranqüilidade dos justos; não a podemos perceber nem vislumbrar, porque nunca a possuímos, envoltos nos turbilhões, no nevoeiro, nas paixões violentas desse mundículo onde nos encontramos atolados.
Os espíritos que seguem o caminho do bem chegam mais depressa aos estágios mais elevados da alma; sendo as aflições da vida fruto da imperfeição do espírito, quanto menos imperfeições menos tormentos. Aquele que não for invejoso, nem ciumento, nem avaro, nem ambicioso, não sofrerá as torturas que se originam dessas imperfeições.

Depende dos espíritos progredirem mais ou menos rapidamente em busca da perfeição, conforme o desejo que apresentam de atingir um nível mais elevado e a submissão que apresentam às vontades de Deus. Os espíritos não podem se conservar eternamente em ordens inferiores; mudam de ordem mais rápida ou demoradamente, porém não podem regredir. A medida que avançam, compreendem o que os distancia da perfeição. O espírito ao concluir uma prova fica com a ciência que dai veio a não a esquece. Pode permanecer estacionário durante algum tempo, porém não retrograda.
A encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do espírito: ao progresso intelectual pela atividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral pela necessidade recíproca dos homens entre si. A vida social é a pedra de toque das boas ou más qualidades.
Uma só existência corporal é insuficiente para o espírito adquirir todo o bem que lhe falta e eliminar o mal que lhe sobra.
Como poderia um selvagem, por exemplo, em uma só encarnação nivelar-se moral e intelectualmente a um homem civilizado e estudado ? é materialmente impossível. Deve ele, pois, ficar eternamente na ignorância e barbaria, privado dos gozos que só o desenvolvimento das faculdades pode proporcionar ?
O simples bom senso repele tal suposição, que seria não somente a negativa da justiça e bondade divinas, mas das próprias leis evolutivas e progressivas da natureza. Mas, Deus, que é soberanamente justo e bom, concede ao espírito tantas encarnações quantas as necessárias para atingir seu objetivo - a perfeição.
Com a reencarnação, desaparecem os preconceitos de raças e de castas, pois o mesmo espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou empregado, livre ou escravo, homem ou mulher. De todos os argumentos invocados contra a injustiça da servidão e da escravidão, contra a sujeição da mulher à lei do mais forte, nenhuma há que prime, em lógica, ao fato material da reencarnação. Se, pois, a reencarnação funda numa lei da natureza o principio da fraternidade universal, também funda na mesma lei o da igualdade dos direitos sociais e, por conseguinte, o da liberdade.
A reencarnação é um processo de aperfeiçoamento espiritual. A volta do espírito à vida corporal tem o objetivo, não é "ação do acaso", nem "capricho dos céus" não há experiência reencarnatória sem motivo, ensina o espiritismo.
Muitos argumentos contra o fato da reencarnação dizendo que isto seria impossível pois o espírito do homem é criado na hora de seu nascimento e que após sua morte nada mais lhe restaria que esperar o seu julgamento. Mas nós espíritas temos a condição de derrubar esta teoria, através da lógica. Se é verdade que o espírito humano é criado no momento de seu nascimento, então como é que se explica que alguns nascem perfeitos e bonitos enquanto que outros nascem defeituosos, cegos, aleijados ? Um erro genético, diriam alguns. Mas levando em consideração que Deus é um ser perfeito em todas as suas manifestações, e que é Ele que nos cria, como poderíamos aceitar que Ele tenha "errado" e tenha produzido alguma coisa imperfeita ? Se Deus é infinitamente perfeito, todas as suas manifestações tem, obrigatoriamente, que serem perfeitas. Então como se explica tamanha distorção da lógica, como se explica esta suposta "injustiça" de Deus, pois se para alguns dá perfeitas condições de sucesso na vida, a outros não dá nada mais que um corpo defeituoso e cheio de sofrimentos ?
Só existe uma explicação lógica que nos dissipa o véu da ignorância e nos faz enxergar a grandiosidade da justiça divina e da infinita misericórdia de Deus, que nos permite retornar à carne para reparar o mal que fizemos outrora. É a reencarnação, que nos mostra que somos hoje o resultado de nossos atos do passado, e seremos amanhã o resultado do que somos hoje. Tomando o conhecimento desta lei divina, temos a obrigação da prática da caridade e da modificação interior, pois este é o único caminho para um futuro melhor.