segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A Origem do Espiritismo


Historicamente o espiritismo surgiu a partir dos fenômenos de movimentação de objetos, verificado em diferentes países, na Europa e na América.
O marco de tais acontecimentos, todavia, foram as manifestações ocorridas na aldeia de Hydesville, no condado de Wayne, perto de New York, Estados Unidos da América. Ali morava a família Fox, composta de três filhas, das quais duas viviam com os pais; os Fox se estabeleceram na casa desde 1847.
Na noite de 28 de março de 1848, nas paredes de madeira do barracão de John Fox, começaram a soar pancadas incômodas, perturbando o sono da família, toda ela metodista. As meninas Katherine (9 anos), e Margaretha (12anos), correram para o quarto dos pais, assustadas com os golpes fortes na parede o no teto do seu quarto.
As pancadas ou "raps" começaram nesta noite; depois ouvia-se o arrastar de cadeiras e, com o tempo os fenômenos tornara-se mais complexos: tudo estremecia, os objetos se deslocavam, havia uma explosão de sons fortes.
Três noites seguidas, até 31 de março de 1848, os fenômenos se repetiram intensamente, impedindo que os Fox conciliassem o sono. O Sr. Fox deu buscas completas pelo interior e pelo exterior da casa, mas nada encontrou que explicasse as ocorrências.
A menina Kate um dia, já um tanto acostumada com o fenômeno, pôs-se a imitar as pancadas, batendo com os dedos sobre um móvel, enquanto exclamava em direção a origem dos ruídos: " Vamos Old Splitfoot, faça o que eu faço". Prontamente as pancadas do "desconhecido" se fizeram ouvir, em igual número, e parava quando a menina também parava.
Margaretta, brincando disse: "Agora faça o mesmo que eu: conte um, dois, três, quatro", e ao mesmo tempo dava pequenas pancadas com os dedos, foi-lhe plenamente satisfeito esse pedido, deixando a todos estupefatos e medrosos.
As meninas Fox eram protestantes e supunham tratar-se do demônio e chamavam o batedor de Mr. Splitfoot, ou seja, senhor pé de bode. A família estava alarmada, logo a notícia se espalhou, vizinhos e curiosos vinham visitá-las. Mr. Duesler idealizou, então, o alfabeto para poderem traduzir as pancadas e compreenderem o que dizia o invisível.
O batedor invisível, apoiado neste alfabeto improvisado, contou a sua história: Chamava-se Charles Rosma; fora um vendedor ambulante e, hospedado naquela casa pelo casal Bell, ali o assassinaram para roubar-lhe a mercadoria e o dinheiro que trazia, o seu corpo fora sepultado no porão. Deram buscas no local indicado e acharam tábuas, alcatrão, cal, cabelos, ossos, utensílios.
Uma criada dos Bells, Lucrétia Pulver, declara que viu o vendedor e o descreve: diz como ele chegara à casa e refere o seu misterioso desaparecimento. Uma vez, descendo à adega, seu pé enterrou-se num buraco, e como falasse isto ao patrão, ele explicou que deveria ser ratos; e foi apressadamente fazer os reparos necessários. Ela vira nas mãos dos patrões objetos da caixa do ambulante.
Arthur Conan Doyle, no livro "História do Espiritismo", relata que cinquenta e seis anos depois foi descoberto que alguém teria sido enterrado na adega da casa dos Fox. Ao ruir uma parede, crianças que por ali brincavam descobriram um esqueleto. Os Bells, para maior segurança, haviam emparedado o corpo, na adega, onde inicialmente o haviam enterrado.
Em 25 de novembro de 1904, o Jornal de Boston noticiava que o esqueleto do homem que possivelmente produziu as batidas, ouvidas inicialmente pelas irmãs Fox, fora encontrado e portanto as mesmas estavam livres de qualquer dúvida com respeito à sinceridade delas na descoberta da comunicação com os espíritos.
Diversas comissões se formaram na época dos acontecimentos com a finalidade de estudar os estranhos fenômenos e desmascarar a fraude atribuída às Fox. Verificou-se que eles ocorriam na presença das meninas; atribuiu-se-lhes o poder da mediunidade. Nenhuma comissão, todavia, conseguiu demonstrar que se tratava de fraude. Os fatos eram absolutamente verdadeiros embora tivessem submetido as meninas aos mais rigorosos e severos exames, atingindo as vezes as raias da brutalidade. As irmãs Fox foram pressionadas. A igreja as excomungou como pactuantes do demônio. Foram acusadas de embusteiras, ameaçadas fisicamente muitas vezes.
Em 1888, ao comemorar os 40 anos dos fenômenos de Hydesville, Margaretha Fox, iludida por promessas de favores pecuniários feitas pelo cardeal Maning faz publicar uma reportagem no New York Herald que afirmava que os fenômenos que realizaram eram fraudulentos. Todavia, no ano seguinte, arrependida de sua falta de honestidade para com o espiritismo, reúne grande público no salão de música de New York e retrata-se de suas declarações anteriores, não só afirmando que os fenômenos de Hydesville eram verdadeiros, como provocando uma série de fenômenos de efeito físico no salão repleto de espectadores.
A retratação foi publicada na época. Consta no jornal americano The New York Press, de 20 de fevereiro de 1889. Como porém, a lealdade e a sinceridade não são requisitos dos espíritos apaixonados, ainda hoje, quando se quer denegrir a fonte do moderno Espiritismo, vem a tona a confissão das moças. Na retratação não se toca, ou quando se toca é para mostrar que não há no que confiar. Os pormenores ficam de lado.