domingo, 1 de novembro de 2015

CHICO, UMA LIÇÃO DE HUMILDADE

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Como sempre, a reunião avançara madrugada adentro. Todos estavam exaustos, com exceção de Chico, a quem uma força soberana parecia sustentar de forma invariável.

Lentamente, as pessoas iam se retirando, mas sempre ficava alguém na expectativa de uma palavra a mais... Gente tímida, com problemas difíceis, deixava o Centro ficar quase vazio para, então, confidenciar com o médium, que nunca revelava pressa de ir embora para casa.

Os cooperadores que haviam resistido ao sono estavam no limite da... paciência. Chico às vezes era abordado por pessoas que lhe dirigiam questionamentos absurdos, gente que dormia no hotel a tarde inteira e, depois, enfrentava a reunião sem sequer um bocejo...
Nessa noite de sábado, madrugada de domingo, Chico caminhava em direção à porta, com um dos amigos a segurar-lhe o braço, quase que a arrastá-lo para o carro que o esperava lá fora. Ele, carinhosamente, se deixava conduzir, compreendendo a fragilidade dos sonolentos companheiros. Certa vez, uma senhora dissera:

— “Chico, a gente, para ser espírita, precisa ter muita saúde”...

De fato, para acompanhar o Chico, era preciso muita disposição e... paciência.
Uma senhora, puxando uma criança de uns 3 ou 4 anos pela mão, aproxima-se do médium e lhe diz:

— “Chico, o sonho do meu filho é tirar uma foto com você...”

O pai, máquina a postos, permanecia a alguns metros, pronto para o retrato que passaria aos anais da família.
Os amigos remanescentes da reunião, muito embora em silêncio, quase que tiveram uma síncope! Não era possível. Mais de 4 da manhã, todos cansados de uma exigência daquelas! Como é que o Chico iria sustentar aquele garoto meio obeso no colo e fazer pose para a fotografia?! Santa paciência!... Era demais. Aquilo já não era mais Espiritismo, nada tinha a ver com Espiritismo... Tantos assuntos transcendentais para serem tratados...
O amigo que amparava o Chico pelo braço, de maneira imperceptível para os circunstantes, forçou a passagem. Na opinião dele, o pedido daquela senhora não passava de um capricho de mãe. Levando a mão à mão do zeloso mas impaciente cooperador, Chico falou com voz mansa, como se o tempo todo estivesse a auscultar-lhe os pensamentos:

— “Não, meu filho... Quando um amigo não pode subir até nós, é nossa obrigação descer até a ele...”

E, ajoelhando-se no piso do “Grupo Espírita da Prece”, abraçou o sorridente garoto, encostando a sua à face dele, e pediu ao retratista que, ao invés de uma, batesse duas, para se certificar de que seriam fotografados...
(Dezembro de 1996).

Do Livro "Chico Xavier, 70 Anos de Mediunidade" - Carlos Baccelli
Capítulo " CHICO, UMA LIÇÃO DE HUMILDADE "