domingo, 16 de novembro de 2014

A PARTIDA DE UM GRANDE MISSIONÁRIO

Dia vinte e nove, 19:45 h, do ano de 2002, estávamos, minha esposa Marli e eu, no estreito corredor que dá acesso ao pequeno salão do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, quando surge Chico Xavier, quase carregado por duas companheiras. O caro amigo ao passar à nossa frente, colocamos a nossa mão sobre a dele e o cumprimentamos, recebendo em troca um "Deus te abençoe, muito obrigado!", dito com muito amor e com extrema dificuldade, devido à sua fraqueza física. Foram essas as últimas palavras que os nossos ouvidos registraram, saídas daquela boca abençoada o que muito nos consolou, esclareceu e orientou milhares de pessoas, em toda a sua vida de servo fiel de Nosso Senhor Jesus Cristo.

As 20:30 h, estava composta a mesa para a realização daquela que seria a última sessão espírita de Francisco Cândido Xavier.

Quando o presidente dos trabalhos, Dr. Eurípedes Higino, rogou à nossa prezada irmã Sebastiana, que proferisse a prece inicial, para a abertura dos trabalhos da noite. Coloquei as mãos no rosto e tive uma agradável e emocionante surpresa: a mão que colocara sobre a mão do Chico estava perfumada, como se houvera colhido rosas. A emoção e um certo presságio, apoderaram- se do meu coração e lágrimas involuntárias rolaram em minha face.

Roguei a Jesus em favor do amado irmão e orientador, como tantas vezes o fizera, desde que o conheci... há quase quarenta anos atrás.

No dia trinta de Junho, às 19:28 h, o noticiário nacional informava a toda a Nação, a desencarnação de Francisco Cândido Xavier. Imediatamente, começamos a receber vários telefonemas dos amigos, quanto ao ocorrido...

Com o coração opresso, pela dor de tão grande perda, rumamos para a residência do Chico. Chegando em nosso destino, percebemos que já havia uma multidão querendo ver o corpo daquele que viera reviver e reavivar as lições de Jesus. Dali, seguimos para o Grupo Espírita da Prece e juntamente com os companheiros do Grupo, aguardávamos a chegada da urna mortuária. Tarde da noite, quando a mesma adentrou o singelo salão, esse tornou-se saturado de agradável aroma, cuja fragrância era de um perfume suave e agradável que nos lembrava rosas colhidas pela manhã.

A partir daquele momento, formaram-se filas intermináveis de pessoas vindas de todos os recantos do País, para darem o último adeus a Chico Xavier, o que durou por três dias.

Demonstrações de amor, carinho e gratidão eram percebidas por todos ali presentes, comprovando que o Amor e gratidão são sentimentos que independem de classe social, cultura, credo religioso ou raça.

Assim que o cortejo saiu, o povo aplaudia e cantava, jogando flores no carro do corpo de Bombeiros que transportava a valiosa vestimenta física que serviu ao Grande Apóstolo do Senhor, para suas incursões materiais na vida.

À chegada da comitiva no Campo Santo, já no crepúsculo, as estrelas começando a aparecer no céu ainda azul de Uberaba, como a decorar com suas nuances o caminho daquele que sempre seguiu as pegadas de Jesus.

Alternavam-se, palmas e músicas belíssimas na derradeira homenagem a Chico Xavier...

Durante o percurso, um helicóptero sobrevoava o local, despejando pétalas de rosas, iluminadas pelos últimos raios do sol poente, como a nos mostrar por onde o Chico seguiria a caminho das moradas mais felizes.

Jamais presenciáramos "algo tão lindo", aqui na Terra e que terminaria no Cemitério Municipal São João Batista, onde ficaria a sua roupagem física. Temos a convicção de que se dependesse da vontade dele, permaneceria mais tempo entre nós, como dissera pouco tempo antes de desencarnar:

— Você pode mandar escrever no meu túmulo:

"Aqui jaz Chico Xavier, muito a contragosto."


Do livro "Encontros com Chico Xavier" - Cezar Carneiro de Souza
Capítulo " A PARTIDA DE UM GRANDE MISSIONÁRIO "
Editora ELCEAA: Editora e Livraria Centro Espírita Aurélio Agostinho