sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Movimento Espírita

TEMA: Movimento Espírita
Curso: Espiritismo e Evangelho II

1. MOVIMENTO ESPÍRITA: CONCEITO E OBJETIVO


Em verdade, não [...] se pode falar em Movimento Espírita antes da Codificação, pois somente após esta é que o Espiritismo surgiu como Doutrina: a movimentação humana em torno das idéias espíritas só aconteceu após a revelação destas pelo plano espiritual e sua posterior compilação por Allan Kardec. Só a partir daí, portanto, há que falar em ação dos espíritas visando à propagação do Espiritismo que têm por objetivo estudar, divulgar e praticar a Doutrina Espírita, contida nas obras básicas de Allan Kardec, colocando-a ao alcance e a serviço de toda a Humanidade. As atividades que compõem o Movimento Espírita são realizadas por pessoas, isoladamente ou em conjunto, e por Instituições Espíritas. As Instituições Espíritas compreendem:
- Os Grupos, Centros ou Sociedades Espíritas que desenvolvem atividades gerais de estudo, difusão e prática da Doutrina Espírita e que podem ser de pequeno, médio ou grande porte;
- As Entidades Federativas que desenvolvem as atividades de união das Instituições e de unificação do Movimento Espírita;
- As Entidades Especializadas que desenvolvem atividades espíritas especificas, tais como as de assistência e promoção social e as de divulgação doutrinária;
- Os Pequenos Grupos de Estudo do Espiritismo, fundamentalmente voltados para o estudo inicial da Doutrina Espírita.
A ação dos espíritas em torno da divulgação do Espiritismo enfrenta, porém, muitos obstáculos. Kardec os entrevê, como se constata em vários de seus escritos.
Muitas de suas palavras, embora refletiam a situação da época do surgimento da Doutrina Espírita, aplicam-se, com as devidas adaptações, à atualidade. Assim é que, conforme acentua, um [...] dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina seria a falta de unidade. O único meio de evitá-la, senão quanto ao presente, pelo menos quanto ao futuro, é formulá-la em todas as suas partes e até nos mais mínimos detalhes, com tanta precisão e clareza, que impossível se torne qualquer interpretação divergente. [...] Somente o Espiritismo, bem entendido e bem compreendido, pode [...] tornar-se, conforme disseram os Espíritos a grande alavanca da transformação da Humanidade. Mais adiante, continua: Dois elementos hão de concorrer para o progresso do Espiritismo: o estabelecimento teórico da Doutrina e os meios de popularizar. O desenvolvimento cada dia maior, que ela toma, multiplica as nossas relações, que somente tendem a ampliar-se, pelo impulso que lhe darão a nova edição de O Livro dos Espíritos e a publicidade que se fará a esse propósito.
Como se vê, essas palavras do Codificador datam da época da segunda edição de O Livro dos Espíritos, em 1860, ocasião em que a Doutrina Espírita ainda estava sendo elaborada, denotando, contudo, a sua preocupação quanto à unidade do Espiritismo, para que fosse bem compreendido e, assim corretamente divulgado.
O mesmo sucede quando se reporta, por exemplo, aos cismas ou divisões que podem surgir entre os espíritas. Diz o Codificador: Uma questão que desde logo se apresenta é a (divisões) que poderão nascer no seio da Doutrina. Estará preservado deles o Espiritismo? Não, certamente, porque terá, sobretudo no começo, de lutar contra as idéias pessoais, sempre absolutas, tenazes, refratárias a se amalgamarem com as idéias dos demais; e contra a ambição dos que, a despeito de tudo, se empenham pó ligar seus nomes a uma inovação qualquer; dos que criam novidades só para poderem dizer que não pensam ou agem como os outros, pois lhes sofre o amor-próprio por ocuparem uma posição secundária.
Se, porém, o Espiritismo não pode escapar às fraquezas humanas, com as quais se tem de contar sempre, pode todavia neutralizar-lhes as conseqüências e isto é o essencial. É de notar-se que os vários sistemas divergentes, surgidos na origem do Espiritismo, sobre a maneira de explicarem-se os fatos, foram desaparecendo à medida que a Doutrina se completou por meio da observação e de uma teoria racional. [...] É este um fato notório, do qual se pode concluir que as últimas divergências se apagarão com a elucidação integral de todas as partes da Doutrina. Mas, haverá sempre os dissidentes, de ânimo preventivo e interessados, por um motivo ou outro, a constituir bando à parte. Contra a pretensão desses é que cumpre se premunam os demais.
Para assegurar-se, no futuro, a unidade, uma condição se faz indispensável: que todas as partes do conjunto da Doutrina sejam determinadas com precisão e clareza, sem que coisa alguma fique imprecisa. Para isso, procedemos de maneira que os nossos escritos não se prestam a interpretações contraditórias e cuidaremos de que assim aconteça sempre. Quando for dito peremptoriamente e sem ambigüidade que dois e dois são quatro, ninguém poderá pretender que se quis dizer dois e dois fazem cinco. Conseguintemente, seitas poderão formar-se ao lado da Doutrina, seitas que não lhe adotem os princípios ou todos os princípios, porém não dentro da Doutrina, por efeito de interpretação dos textos, como tantas se formaram sobre o sentido das próprias palavras do Evangelho. É este um primeiro ponto de capital importância.
O segundo ponto está em não se sair do âmbito das idéias práticas. Se é certo que a utopia da véspera se torna muitas vezes a verdade do dia seguinte, deixemos que o dia seguinte realize a utopia da véspera, porém não atravanquemos a Doutrina de princípios que possam ser considerados quiméricos e fazer que a repilam os homens positivos.
O terceiro ponto, enfim, é inerente ao caráter essencialmente progressivo da Doutrina. Pleo fato de ela não se embalar com sonhos irrealizáveis, não se segue que se imobilize no presente. Apoiada tão-só nas leis da Natureza, não pode variar mais do que estas leis; mas se uma nova lei for descoberta, tem ela que se pôr de acordo com essa lei. Não lhe cabe fechar a porta a nenhum progresso, sob pena de se suicidar. Assimilando todas as idéias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam, físicas ou metafísicas, ela jamais será ultrapassada, constituindo isso uma das principais garantias da sua perpetuidade. Essas considerações do Codificador, como outras que se encontram esparsas por toda a sua obra, formam um conjunto de instruções que, ao serem seguidas, darão ao Movimento Espírita as condições necessárias para que atinja o seu objetivo, que, como vimos, são o estudo, a prática e a divulgação da Doutrina Espírita, colocando-a ao alcance e a serviço da Humanidade.

2. MOVIMENTO ESPÍRITA E DOUTRINA ESPÍRITA
O conceito de Movimento Espírita antes mencionado trona clara a diferença entre este e Doutrina Espírita. Movimento Espírita é, desse modo, a ação dos espíritas, enquanto Doutrina Espírita é [...] o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec que constituem a Codificação Espírita: O Livro dos Espíritos, O livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.Todas as demais obras espíritas, por mais preciosas que sejam ou venham a ser, são e serão obras complementares, sem que isso diminua o extraordinário valor de muitas delas, pois a Doutrina Espírita é, como a definiu o próprio Codificador, essencialmente progressiva. [...] A Doutrina Espírita está imune a deturpações, porque qualquer idéia ou conceito que se mostre incompatível com os princípios consagrados nas obras da Codificação, poderá ser tudo, menos Espiritismo. Já o Movimento Espírita, por ser movimento livre de pessoas e instituições humanas, sem obrigações de obediência compulsória a hierarquias religiosas que não possuímos, não goza da mesma imunidade, exigindo, em razão disso, de cada espírita em particular, e de cada grupo ou instituição espírita, uma vigilância permanente, no mais alto sentido, para que nenhuma deturpação comprometa a pureza dos ideais que abraçamos. A força da Doutrina Espírita está em seus princípios e na sua permanente possibilidade de comprovação. [...] A razão de ser do Movimento Espírita só pode ser a divulgação e a prática da Doutrina Espírita. É nesse sentido que todas as potencialidades dos espíritas devem ser canalizadas para a difusão e a vivência do Evangelho Redivivo, à luz da imortalidade e da reencarnação, da justiça perfeita e do inesgotável amor divino. Cada página de livro, jornal ou revista espírita, cada programa espírita de rádio ou televisão, cada palestra ou conferência espírita constituem sagrada oportunidade para a divulgação dos princípios e dos esclarecimentos da Doutrina dos Espíritos, levando à alma do povo as sementes da consolação e da esperança, do entendimento superior da vida e de uma nova conceituação da verdadeira fraternidade, com base nas sublimes verdades reveladas pelo Consolador prometido e enviado por Jesus.
Todo aquele a quem a luz da Doutrina Espírita já iluminou tem o indeclinável dever de aproveitar integralmente as possibilidades que o Senhor da Vinha lhe concede, para estender a luz do conhecimento e do amor, com simplicidade e eficiência, desprendimento e sinceridade. Para falar ao povo simples, o exemplo de Jesus não deve ser esquecido: - a linguagem deve ser singela e direta, franca e fácil como a própria verdade. Importante é levar a mensagem do Espiritismo ao povo com correção e nobreza, elevação e dignidade.
Assim, como exorta Emmanuel, que [...] não devemos especificar os deveres do espírita cristão, porque palavra alguma poderá superar a exemplificação do Cristo, que todo discípulo deve tomar como roteiro da sua vida.
Por isso, os [...] agrupamentos espiritistas necessitam entender que o seu aparelhamento não pode ser análogo ao das associações propriamente humanas.Um grêmio espírita-cristão deve ter, mais que tudo, a característica familiar, onde o amor e a simplicidade figurem na manifestação de todos os sentimentos. Em uma entidade doutrinária, quando surgem as dissensões e lutas internas, revelando partidarismos e hostilidades, é sinal de ausência do Evangelho nos corações, demonstrando-se pelo excesso de material humano e pressagiando o naufrágio das intenções mais generosas. Nesses núcleos de estudo, nenhuma realização se fará sem fraternidade e humildade legítimas, sendo imprescindível que todos os companheiros, entre si, vigiem na boa-vontade e na sinceridade, a fim de não transformarem a excelência do seu patrimônio espiritual numa reprodução dos conventículos católicos, inutilizados pela intriga e pelo fingimento. Cuidemos, pois, para que a Doutrina Espírita se apresente sempre diante do mundo com a sua pureza original, buscando vivenciar os seus princípios enquanto realizamos as atividades que nos competem dentro do Movimento Espírita.


3. HISTÓRIA DO ESPIRITISMO COM ÊNFASE NO BRASIL

- 1744
Em Londres, Emmanuel Swedenborg divulga em livro suas primeiras visões do mundo espiritual.

- 1804
Nasce em Lion, França, Hippolyte Léon Denizard Rivail, que mais tarde, sob o nome de Allan Kardec, foi o Codificador do Espiritismo.

- 1845
Primeiras manifestações registradas oficialmente, no Brasil, no distrito de Mata de São João.

- 1848
Em 31 de março, em Hydesvylle, NY, U.S.A., as irmãs Kate e Margareth Fox recebem mensagem de um espírito.Os primeiros fenômenos de Hydesville, na América do Norte, em 1848, não passaram despercebidos aqui no Brasil. A febre de experimentações que se lhes seguiu, nas grandes cidades da Europa, incendiou, igualmente, no Rio de Janeiro, alguns cérebros mais destacados no meio social.

- 1853
O Rio de Janeiro já possuía um pequeno grupo de estudiosos, entre os quais se podia notar a presença do Marquês de Olinda e do Visconde de Uberaba .

- 1856
Na França, Allan Kardec recebe dos Espíritos a revelação de sua missão na Terra, como Codificador do Espiritismo.

-1857
Em 18 de abril, surgem nas livrarias de Paris, os primeiros exemplares de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, de Allan Kardec

- 1865
O Dr. Luiz Olímpio Teles de Menezes funda em Salvador, Bahia, o Grupo Familiar de Espiritismo, que junto de alguns colegas, replicava pelo "Diário da Bahia" a um artigo algo irônico de um cientista francês, desfavorável ao Espiritismo, publicado na Gazette Médicale e transcrito no jornal referido. Inicia-se a correspondência entre Kardec e o Dr. Luís

- 1869
Em julho, inicia-se no Brasil, em Salvador, a publicação da revista O ECO DE ALÉM-TÚMULO, sob a direção de Teles de Menezes.

- 1873
Fundado o "Grupo Confúcio", que pretendia constituir a base fundamental do movimento espiritista brasileiro. Dissolve-se em muito pouco tempo, cerca de três anos depois, para formar-se a "Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade". Veja abaixo.

- 1876
Funda-se no Rio de Janeiro, em 23 de março, a "Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade", sob a direção de Francisco Leite de Bittencourt Sampaio e Bezerra de Menezes. Uma diferença de opiniões origina a "Sociedade Espírita Fraternidade". Em Silveira (MG), no dia 30 de julho, o médium Ernesto Castro recebe o espírito de Estevam Mongolfier, que fala sobre o futuro inventor do avião (o brasileiro Santos Dumont,)

- 1883
Inicia-se, em 21 de janeiro, a publicação de O REFORMADOR, fundado por Augusto Elias da Silva.

- 1884Em 1º de janeiro, funda-se a FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRAEm 16 de agosto, no Rio de Janeiro, o Dr. ADOLFO BEZERRA DE MENEZES proclama as suas convicções espíritas e passa a trabalhar intensamente no campo doutrinário.

- 1900
No dia 11 de abril, Bezerra de Menezes assume, no Mundo Espiritual, o apostolado do Espiritismo Brasileiro.

- 1908
É fundada a União Espírita Mineira, sendo Antônio Lima o primeiro presidente.

- 1910
A 2 de abril, nasce em Pedro Leopoldo (MG), FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

- 1912
A FEB inaugura, em 3 de maio, o CURSO GRATUITO DE ESPERANTO.

- 1925
Surge em Matão (SP), em 15 de fevereiro, sob a direção de Caibar Schutel, a REVISTA INTERNACIONAL DO ESPIRITISMO.

- 1927
Em Pedro Leopoldo, dia 8 de julho, Chico Xavier, em seu próprio lar, assiste à primeira reunião espírita. Funda-se o Centro Espírita Luiz Gonzaga.

- 1931
Chico Xavier começa a psicografar o livro PARNASO DE ALÉM-TÚMULO.

- 1932
A Federação Espírita Brasileira edita o livro PARNASO DE ALÉM-TÚMULO, com grande repercussão na imprensa brasileira.

- 1941
A 11 de junho, funda-se a Sociedade de Medicina e Espiritismo do Rio de Janeiro.

- 1944
A viúva de Humberto de Campos abre processo contra a FEB e CHICO XAVIER.É criada, no Rio de Janeiro, a Cruzada dos Militares Espíritas.

- 1946
A FEB lança, para o mundo, a primeira edição do LIVRO DOS ESPÍRITOS, em Esperanto

- 1948
Funda-se o Clube dos Jornalistas Espíritas de São Paulo.

- 1949
A 5 de outubro são aprovados os 18 itens do PACTO ÁUREO, o mais importante documento do Espiritismo Brasileiro.

- 1950
Instala-se, em decorrência do PACTO ÁUREO, o CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL - CFN Viaja para o Nordeste a CARAVANA DA FRATERNIDADE, ampliando o número das federações estaduais. Viajam Lins de Vasconcelos, Carlos Jordão da Silva e Leopoldo Machado.

- 1959Chico Xavier passa a residir em Uberaba.

- 1960A FEB é declarada pelo Presidente Juscelino Kubitschek entidade de UTILIDADE PÚBLICA.

- 1965Chico Xavier e Waldo Vieira realizam uma viagem aos Estados Unidos para divulgar o Espiritismo.O presidente Juscelino Kubitschek, encerra processo penal contra o médium José Arigó, concedendo-lhe indulto.

- 1967Instala-se em Brasília,DF, a FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA.

- 1967Início da realização dos Simpósios Nacionais e Regionais.

- 1968Primeira entrevista de Chico Xavier à Televisão ( TV TUPI de SÃO PAULO)

- 1970Instalam-se os Conselhos Zonais do Norte, Nordeste, Centro e Sul.

- 1977Publicação de "Adequação dos Centros Espíritas para o Melhor Atendimento de suas Finalidades".Campanha de Evangelização da Infância e da Juventude.

- 1980Publicação da "Orientação ao Centro Espírita".

- 1981É proposto o PRÊMIO NOBEL DA PAZ para Francisco Cândido Xavier

- 1984Início da Campanha do Estudo Sistematizado.Lançamento do Manual de Administração dos Centros Espíritas.Carta psicografada por Chico Xavier, ditada pelo espírito de Maurício Garcez Henrique, é a peça fundamental na defesa de um réu.A FEB é transferida para a sede de Brasília - DF.

- 1985Instalação das quatro Comissões Regionais.

- 1989De 1 a 5 de outubro, realiza-se em Brasília o Congresso Internacional do Espiritismo.

- 1990Início da Campanha em Defesa da Vida e "Viver em Família".Publicação de "Comunicação Social Espírita" e "Assistência e Promoção Social Espírita". - 1995Realiza-se, em Brasília-DF, o Congresso Espírita Mundial, com 3.000 inscrições

- 1996Divulgação do Espiritismo através da INTERNET, com a home page http://www.febrasil.org.br, em português, inglês, francês e espanhol.

- 1997Publicação de "Estudo e Prática da Mediunidade"

- 19991º Congresso Espírita Brasileiro, comemorando os 50 anos do PACTO ÁUREO.

Referência bibliográficas:
- Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – Programa Complementar Tomo único – Movimento Espírita: Conceito e Objetivo. – Ed. FEB
-
http://www.espirito.org.br/
-
http://www.scribd.com/doc/14004738/Mauro-Quintella-Historia-do-Espiritismo-no-Brasil
-
http://www.caminhosluz.com.br/detalhe.asp?codigo1=833
-
http://www.umep.com.br/espiritismo/historia_esp.htm