Bem diferente é a versão evangélica: Maria, mãe de Jesus, pertencia à tribo de Judá e à casa real de Davi, e José, segundo o livro da genealogia de Jesus Cristo (Mateus, 1;1), era "filho de Davi e filho de Abraão". Segundo a Bíblia, descendentes de Abraão são judeus e árabes, etnicamente o povo do Nazareno. Isaac e Ismael, filhos de Abraão, geraram respectivamente os israelitas ou judeus, e ismaelitas ou árabes.
Um milênio antes do Salvador, a simbologia esteve presente na palavra de Salomão, considerado o mais sábio dos homens, quando afirmou que a cabeça do Messias seria "como o ouro mais apurado, as suas madeixas crespas, pretas como o corvo".
Nos versículos 14, 15 e 16 do Apocalipse I, o mais misterioso livro do Novo Testamento, que escreveu quase um século depois do nascimento de Cristo, João Evangelista, místico e poeta, é ainda mais alegórico na descrição do Mestre que ele conheceu e serviu: "Tinha ele cabeça e cabelos brancos como lã cor de neve. Seus olhos eram como chama de fogo. Seus pés se pareciam ao bronze fino incandescente na fornalha. Sua voz era o ruído de muitas águas. Segurava na mão direita sete estrelas. De sua boca saía uma espada afiada de dois gumes. O seu rosto se assemelhava ao sol quando brilha com toda força."
Miguel Ângelo, o mais famoso pintor, arquiteto e escultor do século 16, no célebre quadro "Madona Sentada", pertencente ao Vaticano, apresentou o Menino Jesus com os cabelos brancos como a neve.
O Santo Sudário, que teria envolvido o corpo do Cristo no seu sepultamento, hoje guardado pela Igreja Católica em Turim, na Itália, permite estimar a estatura de Jesus em mais ou menos 1,80 metro.
Acreditar em quem? Com certeza, pelos milênios afora, continuarão entre os homens discussões polêmicas sobre Jesus, sua vida, sua obra e, obviamente, sua figura humana.
Mas os cronistas falam numa carta do senador romano e antecessor de Pôncio Pilatos, Públius Lentulus Cornélius, no governo da Judeia, ao imperador de Roma, Tibério César, gravada em folha de cobre, descoberta no interior de um vaso de mármore e pertencente ao acervo da biblioteca da Ordem dos Lazaristas de Roma. Ela seria um documento histórico descritivo do corpo físico do Nazareno, além de apresentar traços da sua personalidade.
Públius Lentulus, para os espíritas, é Emmanuel, o guia espiritual de Francisco Cândido Xavier. O escritor Adelino da Silveira, no seu livro Momentos com Chico Xavier, relata que comentou ao médium que muitos duvidavam da autenticidade daquela missiva atribuída a Públius Lentulus e dele ouviu esta afirmação: "É autêntica. Foi encontrada nos arquivos de Roma. Eu a li antes de receber o livro Há dois mil anos." Esta obra é uma autobiografia ditada por Públius Lentulus ou Emmanuel.
Eis a íntegra dessa mensagem:
"Sabendo que desejais conhecer quanto vou narrar, existindo nos nossos tempos um homem, o qual, atualmente, vive de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado o profeta da verdade e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do Céu e da Terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado; em verdade, ó César, cada dia se ouvem as coisas maravilhosas desse Jesus: ressuscita os mortos, cura os enfermos; em uma só palavra: é um homem de justa estatura e muito belo no seu aspecto. Há tanta majestade no rosto que, aqueles que o veem são forçados a amá-lo ou temê-lo.
Tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura, distendidos até as orelhas e, das orelhas até as espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes. Tem no meio de sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso dos nazarenos; o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio; seu olhar é muito especioso e grave; tem os olhos graciosos e claros; o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende apavora e, quando ameniza, faz chorar; faz-se amar e é alegre com gravidade. Diz-se que ninguém nunca o viu rir, mas, antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belos; na palestra, cativa muito, mas o faz raramente e, quando dele alguém se aproxima, verifica que é muito modesto na presença e na pessoa. É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante à sua mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo jamais visto, por estas partes uma donzela tão bela, porém se Vossa Majestade, ó César, deseja vê-lo, como no aviso passado escrevestes, dai-me ordem que não faltarei de mandá-lo o mais depressa possível.
De letras, faz-se admirar por toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada. Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça. Muitos riem, vendo-o assim, mas, em sua presença, falando com ele, tremem e admiram.
Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes. Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram, jamais, tais conselhos de tão grande doutrina, como ensina este Jesus. Muitos judeus o têm como divino e muitos me querelam, afirmando que é contra a lei de Vossa Majestade. Eu sou grandemente molestado por esses malignos hebreus.
Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele recebido grandes benefícios e saúde, porém à vossa obediência estou prontíssimo – aquilo que Vossa Majestade ordenar será cumprido.
Vale, da Majestade Vossa, fidelíssimo e obrigadíssimo. Públius Lentulus, governador da Judeia. L'índizione sétima, luna seconda."
Jávier Godinho - Publicação do dia 28/07/2009 no DM